Background Image
Previous Page  125 / 482 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 125 / 482 Next Page
Page Background

125

CATERINE VASCONCELOS DE CASTRO

Argemiro Procópio destaca inúmeros casos

de apropriação dos conhecimentos tradicionais dos povos

amazônicos pelo “bionegócio”, que segundo ele representa o

novo campo para exportações bilionárias

18

:

Remédios vendidos nas prateleiras das

farmácias do mundo inteiro trazem riquezas

para transnacionais, graças ao conhecimento

tradicional e causam impiedosa descrição em

seu processo de cata ou colheita. Vale citar,

a título de exemplo, o jaborandi,

Pilocarpus

jaborandi,,

usado no tratamento de glaucoma;

a espinheira santa,

Maytenus ilicifol,

a contra

distúrbios estomacais; o látex antiviral da

corticeira,

Erythrina crista-galli; o veneno

da

Bothops jararaca, transformado em anti-

hipertensivos; o poderoso analgésico presente

na pele do sapo

Epipadobates tricolor.

Esses

e centenas de outros frutos da biopirataria

enriquecem mais ainda multinacionais e

grandes laboratórios como o Abbot, Bristol-

Meyers squibb, Eli Lilly, Nippon Mektron,

Shapman Pharmaceuticals, Monsanto, Merck

etc.

Percebe-se, pois, que no contexto da

globalização e da economia de mercado, a usurpação do

conhecimento indígena é legalizada pelo direito de propriedade

intelectual cujo modelo caracteriza a forma como a nova fase

do capitalismo se organiza.

a reconstrução do mundo. Tradução e revisão técnica de Arão Sampaio.

São Paulo: Makron Books, 1999.p. 5.

18 PROCÓPIO, Argemiro. O multilateralismo Amazônico e as fronteiras

de segurança. In:_______.

Relações internacionais

: os excluídos da

Arca de Noé. São Paulo: Hucitec, 2005, p.108-109.