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Revista da Procuradoria-Geral do Estado do Acre, Rio Branco, v.10, dez, 2015
PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO ACRE E A INCLUSÃO DA
ATIVIDADE DE SERINGUEIRO COMO BEM CULTURALACREANO
Não se pode negar também, além do valor histórico,
econômico e social, a importância da atividade dos seringueiros
para preservação ambiental na região do Estado do Acre.
Todavia, essa preservação ambiental e essa conscientização
dos seringueiros foi algo construído pela própria dinâmica da
atividade e da exploração dos seringais em si.
Os donos dos seringais, conhecidos como seringalistas,
buscavam por máxima produção, o que levou à melhoria das
técnicas de extração, preservando a floresta para que ela pudesse
render o máximo possível e, assim, render maiores lucros. Surgiu
então a ideia preservacionista, porém, não com foco no meio
ambiente propriamente dito, mas principalmente no benefício
imediato e privado dos seringalistas.
O controle exercido pelos seringalistas sobre a
atividade dos seringueiros, no intuito de não permitir a extração
inadvertida, inadequada ou inconsequente, tinha como razão
principal a preservação para a produção constante e lucrativa,
evitando a morte das seringueiras, prolongando e aumentando a
produtividade e o lucro.
Ademais, também não era permitido aos seringueiros o
desmatamento para fins de agricultura ou criação de animais, para
que eles não tivessem outra fonte de renda e assim continuassem
totalmente dependentes daquela atividade e dos seringalistas. Essa
vedação, compreendida isoladamente em seu aspecto ambiental,
serviu para preservar a floresta.
Há registros históricos que sustentam a participação
e a morte de inúmeros seringueiros na Batalha da Borracha,
que foi decisiva para a conquista do território acreano e sua
integração aos domínios do Brasil. Por este fato, não se pode