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Revista da Procuradoria-Geral do Estado do Acre, Rio Branco, v.12, dez, 2017

BENS PÚBLICOS E CEDÊNCIA DE DIREITOS POSSESSÓRIOS – FUNDAMENTOS

LEGAIS PARA A ALIENAÇÃO DE BENS DOMINIAIS DO ESTADO DO ACRE,

PASSÍVEIS DE REGULARIZAÇÃO IMOBILIÁRIA

‘Artigo II. A transferência de territorios resultante

da delimitação descripta no artigo precedente

compreende todos os direitos que lhes são inherentes

e a responsabilidade derivada da obrigação de manter

e respeitar os direitos reaes adquiridos por nacionaes e

estrangeiros segundo os principios do direito civil.’

Em 18 de agosto de 1942, Joaquim Janu Parente e sua

mulher Cecília de Campos Parentes, Isaura Parente de

Melo e seu marido José Francisco de Melo e Maria

Juvenil de Barros venderam três quartas parte do seringal

Empresa (80.000 hectares

4

) ao Território Federal do

Acre, registrado sob o nº 2548, às fls. 187 do Livro 2-H-

2, do 1º Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de

Rio Branco.

Naquela época não havia estradas de rodagem nem as

“colônias”, apenas varadouros e colocações de seringas.

De posse e domínio do Seringal Empresa, o Governador

do Território Federal do Acre estabeleceu diversas

colônias

5

agrícolas: Colônia São Francisco, Apolônio

Sales, Custódio Freire, Achiles Peret, Barro Vermelho,

Alberto Torres, dentre outras. Eram núcleos de produção

e povoamento, para tanto o Governo do Território Federal

distribuiu vários lotes, a título gratuito para as pessoas

que quisessem se dedicar a atividade agropastoril.

Essas pessoas recebiam também um Título Provisório,

o qual em uma de suas cláusulas dizia que após a

demarcação do lote seria providenciada a expedição do

Título Definitivo.

4

O título definitivo dado pelo Governo do Estado do Amazonas em

1895 referente ao seringal Empresa era de 1.868 ha, em 1942, ou seja, cinquenta

e três anos depois, três partes desse seringal já era de 80.000,00 ha. É que o

seringalista não tinha noção de hectare de terra, mas de estradas de seringa. Ele

“abria” um seringal com dez, vinte, cinquenta estradas de seringas, depois ia

abrindo outras e acrescentando às já existentes, com isso o seringal aumentava

de dimensões. Quando ele vendia o seringal, vendia estradas de seringas, e

assim estava e ainda está registrado em todos os cartórios do Acre e do Sul do

Amazonas.

5

Estradas de rodagem foram abertas à mão, com uso de terçados,

machados e picaretas e denomindas Colônias. nas suas margens eram entregues

os lotes rurais, geralmente mediam 12,5ha. algumas exceções eram feitas,

como a área doada para o Mestre Irineu, que foi calculada recentemente pelos

técnicos do Iteracre em aproximadamente 600,00ha.