314
REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
Diante da situação de denegação dos direitos dos
seringueiros visto em suas formas de desrespeito mais
profundas, como de restrição da liberdade e de rebaixamento
de direitos básicos elementares, percebemos que a violação
dos direitos fundamentais para essa coletividade foi decisiva
para a motivação de uma luta por reconhecimento de direitos,
como ensina Honneth:
O surgimento de movimentos sociais depende
da existência de uma semântica coletiva
que permite interpretar as experiências de
desapontamento pessoal como algo que afeta
não só o eu individual mas também um círculo
de muitos outros sujeitos. (HONNETH, 2009,
p.258).
Assim, face às atrocidades e injustiças, os seringueiros
começaram se organizar para resistir à opressão dos paulistas e
lutar pela terra. Uma das formas muito utilizadas para expulsão
dos seringueiros eram os desmatamentos dos seringais e como
resistência a este método, os seringueiros começaram a realizar
os “empates”
:
Aos poucos, os seringueiros foram
aperfeiçoando a forma adequada para a
resistência a este método. A principal delas
era o chamado empate, isto é, o impedimento,
o embargo dos trabalhos de desmatamento.
Para isso, quando a colocação de alguns
seringueiros está ameaçada, os trabalhadores
juntam dezenas de companheiros e vão para as
frentes de desmatamento para fazer o embargo
dos serviços. (DUARTE, 1987, p.71).
Nesse período, a Igreja Católica teve o papel
primordial de apoio aos seringueiros diante dos conflitos,