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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE

Diante da situação de denegação dos direitos dos

seringueiros visto em suas formas de desrespeito mais

profundas, como de restrição da liberdade e de rebaixamento

de direitos básicos elementares, percebemos que a violação

dos direitos fundamentais para essa coletividade foi decisiva

para a motivação de uma luta por reconhecimento de direitos,

como ensina Honneth:

O surgimento de movimentos sociais depende

da existência de uma semântica coletiva

que permite interpretar as experiências de

desapontamento pessoal como algo que afeta

não só o eu individual mas também um círculo

de muitos outros sujeitos. (HONNETH, 2009,

p.258).

Assim, face às atrocidades e injustiças, os seringueiros

começaram se organizar para resistir à opressão dos paulistas e

lutar pela terra. Uma das formas muito utilizadas para expulsão

dos seringueiros eram os desmatamentos dos seringais e como

resistência a este método, os seringueiros começaram a realizar

os “empates”

:

Aos poucos, os seringueiros foram

aperfeiçoando a forma adequada para a

resistência a este método. A principal delas

era o chamado empate, isto é, o impedimento,

o embargo dos trabalhos de desmatamento.

Para isso, quando a colocação de alguns

seringueiros está ameaçada, os trabalhadores

juntam dezenas de companheiros e vão para as

frentes de desmatamento para fazer o embargo

dos serviços. (DUARTE, 1987, p.71).

Nesse período, a Igreja Católica teve o papel

primordial de apoio aos seringueiros diante dos conflitos,