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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
Esse sistema consistia na manutenção da
dependência do produtor direto, no caso
o seringueiro, através do fornecimento, a
crédito, de bens de consumo e instrumentos
de trabalho. O seringueiro ficava obrigado
a vender sua produção ao
barracão
do
seringalista (dono do seringal) que lhe aviava
(fornecia) as mercadorias de que necessitava.
(DUARTE, 1987, p.19, grifos do autor).
O modo de vida e trabalho dos seringueiros na
Amazônia engendrou um modelo de exploração econômica
sui generis
e consolidou um tipo de exploração do seringueiro
que foi tido por muitos cronistas como uma espécie de trabalho
escravo. (COSTA, 2005).
O seringueiro raramente recebia o pagamento de sua
produção em dinheiro e quando obtinha algum crédito de sua
produção, ele era sempre induzido a gastá-lo com supérfluo.
Assim, o seringueiro estava sempre endividado e totalmente
dependente dos patrões seringalistas. (DUARTE, 1987).
Esses trabalhadores, não tinham outra saída a não ser
tentar uma vida melhor em outra região, mais “promissora”,
contudo, acabaram deparando-se com péssimas condições de
vida. Muitos morreram logo nos dois primeiros anos de serviço,
vítimas de doenças tropicais, dos ataques de animais ferozes
ou ainda assassinados pelos seringalistas. Viviam isolados e
solitários no meio da floresta, tolhidos de dignidade e liberdade,
desprovidos de qualquer amparo estatal e sem ter para aonde
fugir. É o que afirma Duarte: “além do endividamento, havia
ainda os regulamentos dos seringais e mesmo a força física
dos jagunços que impediam que o seringueiro regressasse à