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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE

sua região de origem ou fosse trabalhar por conta própria com

outro patrão.” (DUARTE, 1987, p.20).

A narrativa literária de

“A margem da história”,

obra

póstuma de Euclides da Cunha e resultado de sua expedição à

Amazônia como engenheiro, não deixou de expor a situação

de exploração dos seringueiros no início do século XX. Afirma

Martinello que Euclides da Cunha foi “quem, melhor que

qualquer outro, resumiu a filosofia e as condições de vida dos

impetrantes nos seringais.” (MARTINELLO, 2003, p.52).

Em seu livro, Euclides denuncia o desrespeito

social e negação de direitos que esses trabalhadores sofriam.

Sobre a filosofia do sistema de produção gomífera, o autor

a definia como a “mais imperfeita organização do trabalho

que engenhou o egoísmo humano.” (CUNHA, 2003, p.55), e

sobre as condições de vida do seringueiro, afirmava ser uma

“anomalia sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem

que trabalha para escravizar-se.” (CUNHA, 2003, p.55).

A forma de vida que os patrões seringalistas ofereciam

aos trabalhadores da borracha era a das mais impróprias e

contra a dignidade humana. Não havia entre aqueles homens o

sentimento de autorrespeito e aos seringueiros era destinado o

mínimo para se manterem trabalhando nas coletas de látex nas

estradas de seringa.

Explicita Cunha:

A alimentação, que é a base mais firme na

higiene tropical, não lha fornece, durante largos

anos, a mais rudimentar cultura. Constitui-se,

ao revés de todos os preceitos, adstrita aos