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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
A intenção dos seringueiros nunca foi tornar a
Amazônia um santuário intocável, mas sim garantir a
sobrevivência destes na floresta, através do direito de viverem
do usufruto das terras nas quais habitavam. As reservas
extrativistas significam exatamente isso, “viver da floresta”, de
forma não predatória, como explica Chico: “Nessas reservas
o trabalhador continuaria a explorar os recursos que antes
explorava. Outros produtos, da infinidade de riquezas naturais
que se encontra na mata, passariam a ser utilizados de maneira
não predatória, tornando viável economicamente as reservas.”
(MENDES apud PAULA; SILVA, 2006, p.14).
A visibilidade da história de luta de Chico Mendes ao
lado dos seringueiros contra a exploração sulista foi possível
principalmente por sua repercussão internacional, que ocorreu
por causa dos relatos e denúncias realizados por pesquisadores,
jornalistas, escritores, entre outros. Assim, Chico ganhou
a simpatia de Adrian Cowell, um cineasta britânico e autor
de um dos mais completos documentários de destruição da
floresta amazônica da época:
Há dez anos, Cowell vinha filmando na
Amazônia e, em 1986, tinha se tornado um
dos amigos mais próximos de Chico. Cowell
descobriu na figura simples do seringueiro
e líder sindical um importante aliado no
movimento ecológico contra a destruição da
floresta tropical. Junto com ambientalistas
americanos e a antropóloga diretora do
instituto de Estudos Amazônicos, Mary
Allegretti, Cowell convidou membros da
ONU a visitar Xapuri, no início de 1987.
Estava lançada a carreira internacional de
Chico Mendes. (NAKASHIMA, 2006, p.15).