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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
de trabalho em uma região desconhecida. Os seringueiros, ou
soldados da borracha, viviam em trabalho compulsório, eram
acometidos por severas enfermidades, como impaludismo
(malária), explorados em relação aos preços de mercadorias,
etc. Tudo isso configurava-se numa exploração desumana,
atroz e injusta que se cometia nos seringais e que foi relatado
também na obra de Euclides da Cunha:
Mandavam-nos para a Amazônia – vastíssima,
despovoada, quase ignota - o que equivalia
a expatriá-los dentro da própria pátria.
A multidão martirizada, perdidos todos
os direitos, rotos os laços da família, que
se fracionava no tumulto dos embarques
acelerados, partia para aquelas bandas levando
uma carta de prego para o desconhecido; e ia,
com os seus famintos, os seus febrentos e os
seus variolosos, em condições de malignas
e corromper as localidades mais salubres do
mundo. Mas feita a tarefa expurgatória, não
se curava mais dela. Cessava a intervenção
governamental. Nunca até nossos dias, a
acompanhou um só agente oficial, ou médico.
Os banidos levavam a missão dolorosíssima
e única de desaparecerem. (CUNHA, 2003,
p.53).
O trabalho no fabrico da borracha no interior dos
seringais
10
, era demasiadamente penoso aos imigrantes que
eram responsáveis pela árdua tarefa de extração do látex e
produção da borracha diariamente. A forma de organização
da produção e das relações de trabalho com a borracha era
conhecida como
sistema de aviamento:
10 Seringais eram verdadeiros latifúndios onde se concentravam a atividade
de produção da borracha. (DUARTE, 1987). Os seringais eram patrimônio
livres de domínio absoluto dos patões- seringalista (COSTA, 2005, p.67).