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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE

à mesquinhez do popular “toma lá dá cá”, tem resultado no

trágico desencantamento e desinteresse das pessoas, em

especial dos jovens, pela discussão dos modelos e das escolhas

públicas.

No mesmo sentido, há algum tempo Marina Silva

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tem alertado que a política, outrora sinônimo da ação dos

cidadãos no espaço público e do exercício representativo

do poder de Estado, está sendo identificada apenas como o

território dos partidos políticos, de modo que muitas pessoas

já não se reconhecem mais como ser político, porque não se

sentem partícipes nem acreditam na política partidária.

Isso nos leva à reflexão sobre

quem é

o ser político. Na

antiguidade grega, todos os cidadãos eram políticos, todos os

indivíduos com direito a voz (claro que existiam os escravos,

que não eram considerados cidadãos). O cidadão era o político,

porque tinha direito a se manifestar e influenciar diretamente

as decisões públicas.

O curioso é que hoje, embora sejamos todos eleitores,

na prática não nos sentimos nem nos denominamos políticos,

porque o político não é mais identificado como o indivíduo que

participa do debate público representando apenas a si mesmo.

Também não é mais o líder que acalenta sonhos e utopias

futuras. Hoje o político é aquele personagem que deixa em

segundo plano sua profissão original (advogado, engenheiro,

economista, médico, agricultor, professor, etc) se torna um

“político profissional” habilidoso em acordos políticos, aquele

que valoriza mais uma eficiente e padronizada mídia training

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SILVA. Marina. O improvável e o imprevisível. http:

//www.folha.uol.

com.br/fsp/opiniao/fz2807200806.htm ,

acesso em 15/08/2014.