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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
4. A DEMOCRACIA QUE QUEREMOS E A
NECESSIDADE DE AVANÇO DOS MECANISMOS
DEMOCRÁTICOS
Cremos que o advento do Decreto nº 8.243 e a
consequente discussão acerca de sua validade jurídica, política
e social coincide com um momento histórico que está exigindo
uma profunda reflexão e uma ampla discussão sobre algo que
é maior e mais importante que a própria reforma política e
o aperfeiçoamento das regras de disputa eleitoral. Estamos,
talvez, diante do necessário e alvissareiro debate público
sobre questões substanciais e determinantes para o futuro
da sociedade brasileira, como, por exemplo, qual modelo de
política e que tipo de democracia queremos.
Com efeito, embora tenhamos nos acostumamos
a usar esses termos como se tivessem sentido permanente,
absoluto e unívoco, isso não é verdade.
Se na antiguidade o sentido da Política (com “P”
maiúsculo) era o nobre debate público sobre as questões de
interesse geral da comunidade. Hoje, entretanto, a práxis é a
política com “p” minúsculo, reduzida ao fisiologismo e ao jogo
de interesses pessoais e individuais, o que tem causado certa
repulsa social pela política, quando deveria ser considerada
como um espaço necessário e positivo por todos.
Como tem alertado o escritor, jornalista e ensaísta
Mário Vargas Lhosa, especialmente em artigos publicados no
diário
El País
, o aviltamento da Política, com sua diminuição