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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE

seringueiros, Chico atraíra muitos inimigos latifundiários

e políticos que sentiam-se ameaçados pelas causas social e

ecológica defendidas pelo líder. E, no dia 22 de dezembro de

1988

,

Chico Mendes foi assassinado brutalmente na porta de

sua casa.

De fato, o seringueiro Chico Mendes foi quem

mobilizou não só o Brasil, mas também o

mundo para a defesa da floresta amazônica,

à qual acabaria dando sua vida. Certo de

que estava marcado para morrer, ele não só

denunciou a trama, como achava que morreria

em vão. (VENTURA, 2006, p.144).

Em meio a impunidade que cercava os assassinatos

de seringueiros e lideranças do movimento na época, Chico

Mendes de fato sabia que iria morrer, por causa das ameaças

que sofria e da falta de ação concreta das autoridades locais

deixando uma impressionante mensagem de despedida:

Não quero flores no meu enterro, pois sei que

irão arrancá-las da floresta. Quero apenas

que o meu assassinato sirva para acabar com

a impunidade dos jagunços sob a proteção da

Polícia Federal do Acre que, de 1975 para

cá, já mataram mais de 50 pessoas como eu,

líderes seringueiros empenhados em defender

a Floresta Amazônica e fazer dela um exemplo

de que é possível progredir sem destruir.

Adeus foi um prazer. Vou para Xapuri ao

encontro da morte, pois dela ninguém me

livra, tenho certeza. Não sou fatalista, apenas

realista. Já denunciei quem quer me matar e

nenhuma providência foi ou será tomada. O

delegado da polícia federal do Acre, Mauro

Spósito, me persegue não é de hoje. E não

tenho nenhuma dúvida de que os pistoleiros