![Show Menu](styles/mobile-menu.png)
![Page Background](./../common/page-substrates/page0324.png)
324
REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
seringueiros, Chico atraíra muitos inimigos latifundiários
e políticos que sentiam-se ameaçados pelas causas social e
ecológica defendidas pelo líder. E, no dia 22 de dezembro de
1988
,
Chico Mendes foi assassinado brutalmente na porta de
sua casa.
De fato, o seringueiro Chico Mendes foi quem
mobilizou não só o Brasil, mas também o
mundo para a defesa da floresta amazônica,
à qual acabaria dando sua vida. Certo de
que estava marcado para morrer, ele não só
denunciou a trama, como achava que morreria
em vão. (VENTURA, 2006, p.144).
Em meio a impunidade que cercava os assassinatos
de seringueiros e lideranças do movimento na época, Chico
Mendes de fato sabia que iria morrer, por causa das ameaças
que sofria e da falta de ação concreta das autoridades locais
deixando uma impressionante mensagem de despedida:
Não quero flores no meu enterro, pois sei que
irão arrancá-las da floresta. Quero apenas
que o meu assassinato sirva para acabar com
a impunidade dos jagunços sob a proteção da
Polícia Federal do Acre que, de 1975 para
cá, já mataram mais de 50 pessoas como eu,
líderes seringueiros empenhados em defender
a Floresta Amazônica e fazer dela um exemplo
de que é possível progredir sem destruir.
Adeus foi um prazer. Vou para Xapuri ao
encontro da morte, pois dela ninguém me
livra, tenho certeza. Não sou fatalista, apenas
realista. Já denunciei quem quer me matar e
nenhuma providência foi ou será tomada. O
delegado da polícia federal do Acre, Mauro
Spósito, me persegue não é de hoje. E não
tenho nenhuma dúvida de que os pistoleiros