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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
Ainda em 1987, Chico Mendes foi um porta-voz
dos seringueiros contra o projeto da rodovia BR-364, que
significava destruição de inúmeras árvores na Amazônia. “De
Nova York, Chico Mendes foi para Washington encontrar-se
com representantes do BID e o Comitê de Meio Ambiente
do Senado Americano.” (NAKASHIMA, 2006, p.51). A
razão dessa reunião nos Estados Unidos da América (EUA)
era a denúncia que Chico faria ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) sobre o grande desmatamento florestal
na Amazônia, que o Banco estaria apoiando se financiasse o
projeto de construção da rodovia BR-364. “O seu raciocínio
era lógico com a cabeça de um seringueiro: o desmatamento
é provocado pela estrada financiada pelo BID. Logo, o BID
estava financiando o desmatamento. No dia 2 de abril, o
BID suspendia o resto do desembolso para o asfaltamento da
estrada.” (VENTURA, 2003, p.86).
De um simples líder sindical desconhecido, Chico
Mendes passou ao reconhecimento internacional que lhe trouxe
condecorações em 1987, como o prêmio Global 500 da ONU,
concedido a líderes que lutam pela preservação ambiental.
Nesse mesmo ano, recebeu a medalha da Better World Society
(Sociedade para o Mundo Melhor), em Nova York, da cadeia
norte-americana de televisão Cable News Network (CNN).
Em 1988, recebeu o título de cidadão honorário no Rio de
Janeiro. (PAULA; SILVA, 2006, p.46).
Para Honneth (2009), as pessoas só podem ter uma
autorrelação positiva consigo mesmo se forem reconhecidos
pelos demais membros da comunidade. Com isso, pode-se
dizer que as conquistas de Chico Mendes diante da luta social,