294
REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
O lugar do conceito de honra, até então ligado
às sociedades tradicionais como as sociedades feudais e
aristocratas e ao espaço público, começa a entrar no quadro da
esfera privada, destinando-se à autocompreensão e autoestima
dos indivíduos, e não somente à fixação de pertencimento do
indivíduo a determinado estamento.
Na solidariedade social, o desempenho individual
dos membros de uma determinada comunidade é respeitado
em sua particularidade, não apenas pela tolerância do outro,
mas por um interesse afetivo por essa particularidade, como
afirma o autor:
Relações dessa espécie podem se chamar
“solidárias” porque elas não despertam
somente a tolerância para coma particularidade
individual de outra pessoa, mas também o
interesse afetivo por essa particularidade: só
na medida em que eu cuido ativamente de que
suas propriedades, estranhas a mim, possam se
desdobrar, os objetivos que nos são comuns
passam a ser realizáveis. (HONNETH, 2009,
p. 211).
A dimensão moderna dessa forma de reconhecimento
social não é, pois, baseada no nascimento, ou nos privilégios
de berço, como ocorria na aristocracia, mas na hierarquização
social moderna, baseada no esforço individual. Esse padrão
democrático da hierarquização social atual permite a qualquer
fechadas do que as classes sociais, e mais abertas do que as castas (tipo de
sociedades ainda presentes na Índia, no qual o indivíduo desde o nascimento
está obrigado a seguir um estilo de vida pré-determinado), reconhecidas
por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra. Historicamente, os
estamentos caracterizaram a sociedade feudal durante a Idade Média.
(Estamento..., 2010).