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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
1.2 LUTA POR RECONHECIMENTO
Para Honneth, o reconhecimento intersubjetivo
de indivíduos e grupos é essencial para a formação de suas
identidades. Quando esse reconhecimento é recusado, sendo
sinalizado pelas experiências de desrespeito, desdobra-se a
partir daí uma luta, por meio da qual indivíduos e grupos não
reconhecidos intersubjetivamente buscam estabelecer ou criar
novas condições para esse reconhecimento:
Faz parte da condição de um desenvolvimento
bem-sucedido do Eu uma sequência de formas
de reconhecimento recíproco, cuja ausência,
em segundo lugar, se dá a saber aos sujeitos
pela experiência de um desrespeito, de sorte
que eles se veem levados a uma “luta por
reconhecimento” (HONNETH 2009, p.122)
Segundo o autor, cada uma das formas de
reconhecimento corresponde a uma forma de desrespeito:
maus-tratos e violação, que ameaçam a integridade física
e psíquica, em relação à dimensão das relações primárias
de amor e amizade; a privação de direitos e exclusão, que
atingem a integridade social do indivíduo como membro de
uma comunidade político-jurídica, na segunda dimensão de
reconhecimento; e a degradação e ofensa que ofendem a honra
e dignidade dos indivíduos, membros de uma comunidade de
valores, na terceira e última esfera de reconhecimento.
As experiências expostas acima podem gerar as
reações emocionais negativas como vergonha ou ira, vexação
ou desprezo, o que justifica dizer que as experiências de
desrespeito estão sempre acompanhas de sentimentos afetivos.