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REVISTA DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO ACRE
Esses sentimentos são capazes de revelar aos indivíduos que
determinadas formas de reconhecimento lhe são socialmente
denegadas. (HONNETH, 2009).
Para Honneth, a cada manifestação social negativa
nasce outra positiva, afirmativa, e isso ocorre porque já estão
inscritas nas formas de reconhecimento intersubjetivos a
possibilidade de sentimentos de autorrespeito, autoconfiança
e autoestima. Quando o indivíduo tem suas expectativas
normativas desapontadas pela sociedade, isso gera os
sentimentos de desrespeito que podem tornar-se a base
motivacional de resistência coletiva e luta social.
Para Honneth, formas negativas de reconhecimento
como as de “ofensa” ou “rebaixamento” representam uma
injustiça não só porque tolhem os sujeitos em sua liberdade
de ação ou lhes inflige danos, mas também porque as pessoas
são feridas numa compreensão positiva de si mesmas, que elas
adquirem de uma maneira intersubjetiva. (HONNETH, 2009).
A primeira forma de rebaixamento ou desrespeito ao
outro está inscrita nas experiências de maus-tratos corporais
em que são tiradas violentamente de um ser humano todas as
suas possibilidades da livre disposição de seu corpo, como
ocorre na tortura. Práticas de violação à integridade física,
dessa espécie, destroem a autoconfiança elementar de uma
pessoa. (HONNNETH, 2009).
Nessa primeira forma de desrespeito, em relação ao
reconhecimento, é subtraído o respeito natural de disposição
do próprio corpo que já foi anteriormente adquirida na
socialização, mediante a experiência de dedicação emotiva.