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REVISTA DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO ACRE

disputa pelo direito às terras do novo mundo, de modo que

a linha divisória criada pela Bula

Inter Coetera

é deslocada

para 370 léguas a Oeste, a partir de Cabo Verde. Dessa forma,

durante cerca de 300 anos Portugal e Espanha ocuparam as

terras da América do Sul baseados, exclusivamente, na linha

divisória estabelecida imaginariamente pelo Tratado de

Tordesilhas.

Dessa forma, diante da ausência de limites

materiais efetivamente fixados em solo, foram fatores como os

limites naturais da Cordilheira dos Andes e o afunilamento da

bacia hidrográfica em direção ao Oceano Pacífico, que fizeram

com que a ocupação espanhola se intensificasse na região do

Prata e, consequentemente, as fronteiras das terras portuguesas,

futuro território brasileiro, se estreitassem no Sul do continente.

Por outro lado, a dificuldade dos espanhóis em adentrar por

terra pelo Oeste do continente e a elasticidade das bacias

hidrográficas pelas regiões Central e Norte, propiciaram que

as fronteiras portuguesas se alargassem na região amazônica.

Assim, utilizando-se do princípio do

uti possidetis,

herdado do Direito Romano, segundo o qual a terra pertence

a quem a ocupa, Portugal passou a penetrar cada vez mais

no interior do Brasil e, já no Século XVII, ocupava parte da

Amazônia, tendo fundado o Forte Presépio, atual cidade de

Belém, capital do Estado do Pará, em 12 de janeiro de 1616

2

.

Com isso, enquanto Portugal buscava um meio de

assegurar o reconhecimento de seu direito sobre as áreas que

passou a ocupar, a Espanha almejava frear essa expansão da

2 TOCANTINS, Leandro.

Estado do Acre:

geografia, história e socieda-

de. Rio Branco: Fundação Cultura do Acre, 1998, p. 29.