Estabelece como pressuposto à compreensão do termo pós-modernidade a necessária
confrontação com o significado, não menos complexo, de modernidade, fazendo uma incursão
histórica filosófica para demonstrar a evolução do pensamento que cunhou o termo pós-
modernidade, buscando delinear suas origens e fontes filosóficas.
Segundo o autor, a modernidade pode ser sintetizada no lema proposto por Kant ao
explicar o sentido do iluminismo: “Ousa fazer uso de teu próprio entendimento”, na medida em
que a modernidade ressaltou o papel do indivíduo ao salientar a posição do homem universal e
autônomo, suplantando-se a fé religiosa cega e as hierarquias que moldavam a sociedade com
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base numa ordemdivina .
O termo pós-modernidade, contudo, é associado mais comumente a um grupo de
pensadores franceses da segunda metade do século XX, intelectualmente conhecidos como pós-
estruturalistas, que inclui Lacan, Deleuze, Derrida, Lyotard e Focault, cujos pensadores
entreviram opressões dissimuladas no discurso da modernidade contribuindo para o surgimento
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da noção de que o processo do iluminismo comomovimento emancipador estaria superado .
Encerrada a incursão histórica filosófica, o autor defende que, independentemente dos
critérios adotados para a definição e delimitação da pós-modernidade, o conceito é marcado pela
negação do homem como agente racional da história, cuja teoria se instala solidamente em todos
os aspectos da realidade social com a morte do pensamento histórico e a queda do muro de
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Berlim .
Para ele, a pós-modernidade é marcada pela nova ideologia globalizada do
neoliberalismo e o desmantelamento das garantias sociais sustentadas pelo Estado do bem-estar
social, estruturado em nome da eficiência econômica, que tem conferido uma supervalorização
do individualismo, marcado pelo fenômeno do desemprego estrutural, da marginalização maciça
e da exclusão social.
Diferentemente,
o significado da Modernidade, na visão de Paulo Roney Ávila
Fagundez, ao abordá-la sob a vertente da integridade e do holismo como superação do
dogmatismo e sua visão mecanicista, é um processo complexo que se constitui numa busca
permanente de significado da própria existência, sem ter um marco preestabelecido, porque é
construída a cada instante, com a superação de cada fase histórica e de valores visando atingir
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uma sociedade solidária, de seres livres e responsáveis .
Roney critica a utilização do binômio pós-modernidade, ao argumento de que a
expressão sugere uma consolidação de todos os anseios dos grandes projetos modernistas de
racionalidade, que é marcado pelo individualismo, centrado na concepção de um homem
responsável pela sua vida e pelo destino da humanidade.
5
ALVES, J. A, Lindgren e outros.
Direito e Cidadania na Pós-Modernidade
. Piracicaba: Unimep, 2002, p. 21.
6
Idem.
7
Id, Ibidem, p. 23.
8
FAGUNDEZ, Paulo RoneyÁvila.
ODireito e aHipercomplexidade
. São Paulo: LTr, 2003, p. 57
.
Caterine Vasconcelos de Castro
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