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LUCIANO JOSÉ TRINDADE

Assim ia se consolidando o domínio da Bolívia

sobre a região do Acre, de forma que em julho de 1901 o

embaixador boliviano, em Londres, assinou um contrato

de constituição da empresa

Bolivian Syndicate

, formada

por grandes investidores privados, concedendo-lhe o

arrendamento das terras e seringais localizados no Acre

12

.

Não obstante, a mensagem do governador

amazonense Silvério Néri, encaminhada em 15 de janeiro

de 1902, à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas,

já dava uma ideia da irresignação dos brasileiros com a

situação:

[...] seja-me permitido render um preito de

homenagem àquela porção de brasileiros que

em zona longínqua regam com seu sagrado

sangue a idéia patriótica de fazer permanecer

brasileira a larga faixa de terra, ora ocupada

pelo estrangeiro, ao sul da chamada linha

Cunha Gomes, que o Governo vê-se obrigado

a respeitar, por força de um tratado.

Importante observar que o interesse do governo

amazonense na expulsão definitiva dos bolivianos do Acre

decorria do fato de que, caso isso ocorresse, o Estado do

Amazonas exerceria o comando político da região e herdaria

a arrecadação de impostos de exportação da borracha. Por

isso, o governador do Amazonas convidou Plácido de Castro,

originário do Rio Grande do Sul, ex-militar que à época

exercia agrimensura na medição de seringais, para comandar

12 MESQUITA JUNIOR

,

op., cit.,

p. 21.